Os mais velhos

 

Agradam-me os mais velhos.
Sentam-se por aí e olham-nos e não nos vêem
e sempre metidos em si,
como os pescadores nas ribeiras dos grandes rios,
sob a noite estival.
Agradam-me muito os pescadores nas ribeiras dos rios
E os velhos e os que saem à rua após uma longa
                                                                 enfermidade.

Têm algo nos olhos
que o mundo já não vê,
os velhos, como convalescentes
cujos pés ainda não são suficientemente fortes e seguros
e com a face pálida e anteriormente febril.

Os velhos
que voltam a ser eles mesmos lentamente
e se dissolvem lentamente,
como o fumo, e imperceptivelmente se transformam
em sonho 
e luz.

Rolf JacobsenE NENHUMA VERTIGEM NOS AFECTA (antologia de poesia norueguesa), poemas vertidos para português por Amadeu Baptista, edição Contracapa

Imagem: MB, Moita, 12.05.2022





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