Dor que desatina sem doer
Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói, e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer É um andar solitário entre a gente É nunca contentar-se de contente É um cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís Vaz de Camões Imagem: MB, Arrábida, 03.07.2016