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Batem à porta

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  Muitas vezes te esperei, perdi a conta, longas manhãs te esperei tremendo no patamar dos olhos. Que me importa que  batam à porta, façam chegar jornais, ou cartas, de amizade um pouco — tanto pó sobre os móveis tua ausência. Se não és tu, que me pode importar? Alguém bate, insiste através da madeira, que me importa que batam à porta, a solidão é uma espinha insidiosamente alojada na garganta. Um pássaro morto no jardim com neve. Nada me importa; mas tu enfim me importas. Importa, por exemplo, no sedoso cabelo poisar estes lábios aflitos. Por exemplo: destruir o silêncio. Abrir certas eclusas, chover em certos campos. Importa saber da importância que há na simplicidade final do amor. Comunicar esse amor. Fertilizá-lo. «Que me importa que batam à porta...» Sair de trás da própria porta, buscar no amor a reconciliação com o mundo. Longas manhãs te esperei, perdi a conta. Ainda bem que esperei longas manhãs e lhes perdi a conta, pois é como se no dia em que eu abrir a porta do teu amor t