Ninguém vai saber
Ninguém nunca vai saber. Que existimos. Que pisamos as ruas com os pés descalços de pressa e sonho. Que dançamos — sim, dançamos — com alegria desmedida sob a chuva das cidades que não nos viram. Ninguém nunca vai saber. Que fitamos o mar pela moldura fugaz da janela de um trem. Que respiramos o silêncio suspenso no ar de uma cafeteria qualquer, como se o mundo coubesse entre goles de espera. Ninguém nunca vai saber. Que estivemos ali. De pé, no terraço da vida, aguardando os outros chegarem, com os olhos cheios de mundo e as mãos cheias de nada. E mesmo assim, nós vivemos. Nino Pedretti , Ninguém Vai Saber Imagem: MB, Moita, 29.06.2025