Ternura
"Desvio dos teus ombros o lençol, que é feito de ternura amarrotada, da frescura que vem depois do sol, quando depois do sol não vem mais nada... Olho a roupa no chão: que tempestade, há restos de ternura pelo meio, como vultos perdidos na cidade onde uma tempestade sobreveio... Começas a vestir-te, lentamente, e é ternura também que vou vestindo, para enfrentar lá fora aquela gente que da nossa ternura anda sorrindo... Mas ninguém sonha a pressa com que nós a despimos assim que estamos sós." David Mourão-Ferreira , in Obra poética 1948-1988 , Presença Imagem: MB, Gaio, 20.04.2025