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Tatuagem

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  Quero ficar no teu corpo Feito tatuagem Que é pra te dar coragem Pra seguir viagem Quando a noite vem E também pra me perpetuar Em tua escrava Que você pega, esfrega Nega, mas não lava Quero brincar no teu corpo Feito bailarina Que logo se alucina Salta e te ilumina Quando a noite vem E nos músculos exaustos Do teu braço Repousar frouxa, murcha, farta, Morta de cansaço Quero pesar feito cruz Nas tuas costas Que te retalha em postas Mas no fundo gostas Quando a noite vem Quero ser a cicatriz Risonha e corrosiva Marcada a frio Ferro e fogo Em carne viva Corações de mãe, arpões Sereias e serpentes Que te rabiscam O corpo todo Mas não sentes Chico Buarque ( letra de composição musical) Imagem: MB, Moita, 16.05.2021     https://www.youtube.com/watch?v=3wZHrFTKGic  Chico Buarque - Tatuagem Quero ficar no teu corpo Feito tatuagem Que é pra te dar coragem Prá seguir viagem Quando a noite vem... E também pra me perpetuar Em tua escrava Que você pega, esfrega Nega, mas não lava... Quero brinc

O que mais temem...

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  " Aquilo que as pessoas mais temem na vida são elas próprias. " Burhan Sonmez,   in Istambul Istambul Imagem: MB, Lisboa, 2019

Poema da memória

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  Havia no meu tempo um rio chamado Tejo que se estendia ao Sol na linha do horizonte. Ia de ponta a ponta, e aos seus olhos parecia exactamente um espelho porque, do que sabia, só um espelho com isso se parecia. De joelhos no banco, o busto inteiriçado, só tinha olhos para o rio distante, os olhos do animal embalsamado mas vivo na vítrea fixidez dos olhos penetrantes. Diria o rio que havia no seu tempo um recorte quadrado, ao longe, na linha do horizonte, onde dois grandes olhos, grandes e ávidos, fixos e pasmados, o fitavam sem tréguas nem cansaço. Eram dois olhos grandes, olhos de bicho atento que espera apenas por amor de esperar. E por que não galgar sobre os telhados, os telhados vermelhos das casas baixas com varandas verdes e nas varandas verdes, sardinheiras? Ai se fosse o da história que voava com asas grandes, grandes, flutuantes, e poisava onde bem lhe apetecia, e espreitava pelos vidros das janelas das casas baixas com varandas verdes! Ai que bom seria! Espreitar não, que

Conheço esse sentimento...

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Conheço esse sentimento que é como a cerejeira quando está carregada de frutos: excessivo peso para os ramos da alma. Conheço esse sentimento que é o da orla da praia lambida pela espuma da maré: quando o mar se retira as conchas são pequenas saudades que doem no coração da areia. Conheço esse sentimento que é o dos cabelos do salgueiro revoltos pelas mãos ágeis da tempestade: na hora quieta do amanhecer pendem-lhe tristemente os braços vazios do amado corpo do vento. Conheço esse sentimento que passa nos teus olhos e nos meus quando de mãos dadas ouvimos o Requiem de Mozart ou visitamos a nave de Alcobaça. Pedro e Inês a praia e a maré o salgueiro e o vento a verdade e o sonho o amor e a morte o pó das cerejeiras tu. e eu. Rosa Lobato Faria, Dispersos Imagem: MB, Moita, 26.04.2021

Ninguém me disse quem tu eras ...

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  N inguém me disse quem tu eras Ninguém falou que virias. Vieste, e havia primaveras Em que só tu florias ... Não sei ainda se vieste Pois não distingo o sonho e a vida. Sei qual o bem que me trouxeste, Mas não me foi guarida. Era um desejo começado, Era um anseio por achar. Só me resta do teu agrado O tornar-te a sonhar. Fernando Pesso a, Poesia Imagem: MB, Moita, 02-5-2021 

Precipício

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  As coisas deste mundo? Prefiro falar do precipício concreto de um abraço. Manuel de Freitas Imagem: MB, Arrábida, 18.01.2015

Depois do Inverno

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  Depois do Inverno, morte figurada, A primavera, uma assunção de flores. A vida Renascida E celebrada Num festival de pétalas e cores. Miguel Torga , in Poesia Complet a Imagem: MB, Moita, 07.05.2021