Imagens com letras dentro

  "Temos de queimar para chegarmos consumidos ao derradeiro fogo." Pier Paolo Pasolini ,  A POESIA É UMA MERCADORIA INCONSUMÍVEL (Poemas e Recensões) , selecção e tradução de João Coles, edição Sr. Teste Imagem: MB, Gaio, 28.01.2022 

  Bastava-nos amar. E não bastava o mar. E o corpo? O corpo que se enleia? O vento como um barco: a navegar. Pelo mar. Por um rio ou uma veia. Bastava-nos ficar. E não bastava o mar a querer doer em cada ideia. Já não bastava olhar. Urgente: amar. E ficar. E fazermos uma teia. Respirar. Respirar. Até que o mar pudesse ser amor em maré cheia. E bastava. Bastava respirar a tua pele molhada de sereia. Bastava, sim, encher o peito de ar. Fazer amor contigo sobre a areia. Joaquim Pessoa , in  Português Suave Imagem: MB, Gaio, 28.01.2022 

  "gosto do meu corpo quando está com o teu  corpo. É uma coisa de tal maneira nova. Muscula melhor e enerva mais. gosto do teu corpo. gosto do que ele faz, gosto dos seus comos. gosto de sentir a espinha do teu corpo e os seus ossos, e a trémula  -  firme - delicada eza e que irei outra vez e outra vez e outra vez beijar, gosto de beijar isto e aquilo de ti, gosto, lentamente e acariciando a penugem carregada do teu pelo eléctrico, e o-que-é isso aparece com a carne apartada ... E os olhos  grandes migalhas-de-amor, e possivelmente gosto do arrepio de sob mim tu de tal maneira nova." E. E. Cummings ,  Poemas Eróticos,  tradução de Joana Jacinto e António Gregório, edição Sr. Teste Imagem: MB, Rosário, 03.02.2022

  "Os caminhos interrompidos - que nenhum presente nos leva a seguir - estão destinados a perder-se no esquecimento; e, com eles, os passos que os haviam até então percorrido." Dário Gentili , in Revista Electra, nº 14, outono 2021, edição Fundação EDP Imagem: MB. Moita, 26.01.2022

  "As flores vivem um breve instante, mas aquelas que crescem com uma razão permanecem frescas. (...)" Rumi Imagem: MB, Gaio, 11.02.2022

  As Coisas Transitórias Irmão, nada é eterno, nada sobrevive. Recorda isto, e alegra-te. A nossa vida não é só a carga dos anos. A nossa vereda não é só o caminho interminável. Nenhum poeta tem o dever de cantar a antiga canção. A flor murcha e morre; mas aquele que a leva não deve chorá-la sempre... Irmão, recorda isto, e alegra-te. Chegará um silêncio absoluto, e, então, a música será perfeita. A vida inclinar-se-á ao poente para afogar-se em sombras doiradas. O amor há-de ser chamado do seu jogo para beber o sofrimento e subir ao céu das lágrimas ... Irmão, recorda isto, e alegra-te. Apanhemos, no ar, as nossas flores, não no-las arrebate o vento que passa. Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos roubando beijos que murchariam se os esquecêssemos. É ânsia a nossa vida e força o nosso desejo, porque o tempo toca a finados. Irmão, recorda isto, e alegra-te. Não podemos, num momento, abraçar as coisas, parti-las e atirá-las ao chão. Passam rápidas as horas, com os sonhos debaixo do m

  Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo. Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera. Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde. Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. Viver é