Entre o agora e o amanhã
Entre o agora e o amanhã existe um espaço invisível — um sopro breve, um silêncio cheio de possibilidades. É ali que o tempo se curva, que os sonhos respiram, que as escolhas ainda não feitas esperam por coragem. O agora é o chão firme, o instante que pulsa nas mãos. É o que temos, o que somos, o que podemos tocar. Mas o amanhã — ah, o amanhã — é o horizonte que nos chama, feito de promessas e incertezas, de medos e esperanças. Entre um e outro, vive o que realmente importa: a ponte que construímos com gestos, palavras e intenções. Porque o futuro não nasce do nada — ele floresce das sementes que plantamos no presente. Viver, então, é aprender a equilibrar-se nesse intervalo: sem se perder nas lembranças do ontem, sem se afogar na ansiedade do que virá. É dançar no fio do tempo, com os olhos abertos para o instante, e o coração voltado para o que ainda pode ser. Helena Sacadura Cabral Imagem: MB, Gaio, 02.11.2025