Jardins invadidos pelo luar

 

Há jardins invadidos de luar
Que vibram no silêncio como liras.
Segura o teu amor entre os teus dedos
Neste jardim de Abril em que respiras.
vida não virá—as tuas mãos
Não podem colher noutras a doçura
Das flores baloiçando ao vento leve.
Fosse o teu corpo feito de luar,
Fosses  tu o jardim cheio de lagos,
As árvores em flor, a profusão
Da sua sombra negra nos caminhos.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in OBRA POÉTICA

Imagem: MB, Moita, 03.10.2022 



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