Às coisas complexas

 

As coisas complexas aparecem
à tarde, quando o céu está enevoado.
Não miam, não ladram, não caem.
Ameaçam trovoadas repentinas
que olhos apreensivos
aguardam.
Amontoam-se como serpentinas
nos estendais de tortuosos pensamentos.
Analisadas, escorregam pelos buracos
das estradas, porque afinal
são coisas simples à pressa somadas.
Supino Latino [publicado na Antologia de Poesia Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho - Vol. XIV”, 2022]

Imagem: MB, Lisboa, 19.04.2023




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