Tocas-me?

"Claro que se tem medo que alguém nos entre pelos olhos. Mas podes arder. Para a tua temperatura sou mercúrio, linhas de mão, lábio e sopro. Atravesso-te porque me atravessas e onde somos corsários rendemo-nos ao encanto da devolução. Tu e eu à porta de um lugar que vai fechar tudo numa árvore. Aqui onde os minutos são a rua em que nos sentamos toda a tarde à espera do silêncio, onde o teu corpo pesa a medida exacta do meu desejo. Sou um animal. Necessito diariamente da transfusão de uma enorme quantidade de calor. Tocas-me?" Vasco Gato , in A prisão e a paixão de Egon Schiele, edição & Etc. Imagem: MB, Moita, 14.11.2024