Meia-idade

Pensando bem... a meia-idade é um território estranho. A gente ainda adora fazer amor — mas, se tiver que responder questionário antes... meu amor, desliga o motor. Cadê a espontaneidade? Roubaram. Praia? Só se for com sombra de coqueiro garantida, silêncio absoluto e, no máximo, três gaivotas de companhia. E olhe lá. Festa? Até topo. Mas tem que ter cláusula no convite: "Encerra-se às 22h, pois a Cinderela aqui vira abóbora pontualmente às 23h." Ah! Cadeira para sentar. O que nos move mesmo é: Paz. Daquela que te deixa ouvir o próprio pensamento. Comida que não vem com hashtag, só com sabor. Roupas que perdoam o jantar e abraçam a barriga. Uma mala sem voo de conexão, mas com vinho no destino. Extrato bancário sem sustos, só com boas notícias. E aquele saldo que sobrevive ao dia 5. Isso, gente, é o verdadeiro luxo contemporâneo. E não é conformismo — é pacto de sanidade. Dizem que é cansaço... Mentira. É economia de energia vital. Chamam de falta de entusiasmo... Ilusão. É...