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Essa difícil alegria...

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  "- Viver - essa  difícil alegria.  Viver é jogo, é risco. Quem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder acumula ferrugem nos olhos e se torna cego, cego de rancor. Quando a gente chega a aceitar com verdadeira e profunda humildade as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom: se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui. Somos feitos de tempo, e isso significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude. A cota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo. É preciso garimpá-la com incessante coragem para que o gosto do ouro possa fulgir em nossos lábios. Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sen

O que se vê ...

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  " E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana? Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no q

Eternidade

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  O tempo passa? Não passa no abismo do coração. Lá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção. O tempo nos aproxima cada vez mais, nos reduz a um só verso e uma rima de mãos e olhos, na luz. Não há tempo consumido nem tempo a economizar. O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar. O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida. Além do amor, não há nada, amar é o sumo da vida. São mitos de calendário tanto o ontem como o agora, e o teu aniversário é um nascer toda a hora. E nosso amor, que brotou do tempo, não tem idade, pois só quem ama escutou o apelo da eternidade. Carlos Drummond de Andrade   in Amar se Aprende Amando Imagem: MB. Moita, 06.09.2021

O meu país

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  O meu país sabe às amoras bravas no verão. Ninguém ignora que não é grande, nem inteligente, nem elegante o meu país, mas tem esta voz doce de quem acorda cedo para cantar nas silvas. Raramente falei do meu país, talvez nem goste dele, mas quando um amigo me traz amoras bravas os seus muros parecem-me brancos, reparo que também no meu país o céu é azul. Eugénio de Andrade Imagem: MB, Guia, 10.08.2021

Ninguém

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  “Bato à porta do teu quarto mesmo quando sei que não estás. Descobri agora quanto custa aos mendigos, não digo a fome, mas não haver ninguém” Daniel Fari a, in  Sétimo dia Imagem: MB, Arrábida, 18.01.2015 

Velhos lençóis

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  Não há nada como os nossos velhos lençóis a pele usada de um consumado amor João Coles , MERDA PARA AS MUSAS , edição Fresca Imagem: MB, Moita, 20.07.2021 

Noites de verão

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  Noites frescas de verão. Janelas abertas. Lâmpadas acesas. Fruta na cesta. E a tua cabeça no meu ombro. São estes os momentos mais felizes do dia. Próximos das primeiras horas da manhã, claro. E o tempo pouco antes do almoço. E a tarde, e As primeiras horas da noite. Mas eu amo essas noites de verão. Ainda mais, penso eu, do que de outras vezes. O trabalho acabou por hoje. E ninguém nos pode encontrar agora. Nem nunca. Raymond Carver Tradução de Jorge Sousa Braga Imagem: MB, Moita, 21.07.2020