Nascer todas as manhãs

 Apesar da idade, não me acostumar à vida. Vivê-la até ao derradeiro suspiro de credo na boca. Sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição. Não consentir que ela se banalize nos sentidos e no entendimento. Esquecer em cada poente o do dia anterior. Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na memória. Nascer todas as manhãs.

Miguel Torga, in Diário (1982)

Imagem: MB, Lisboa, MAAT, 13.06.2020




Comentários

Mensagens populares deste blogue

Aconchegante

Onda

Poema de Natal