Escondem-se rostos novos e antigos

 

As ruas um terço cheias dois terços vazias
escondem bocas ou narizes
que se engasgam sob cada máscara.
Escondem-se rostos novos e antigos,
pululam sinistros os números de falecidos
pela pandemia,
dormem esquecidos os corpos de suicidas
que boiam nos rios
e foge o tempo para chorar seres
que, por serem vivos, sucumbiram
no leito áspero de moléstias
que há muito nos consumiam.
Que digo eu?
Jurei animar-me, contemplando olhos
com os meus olhos.
Lá estão e tocam-nos como uma mão
que pinta o dia.
Pretos, castanhos, azuis, verdes, mantêm-se coloridos!
Mas os teus, os teus, confesso, são tão teus,
escorrem mel, mantêm-se firmes, cálidos, queridos.

Supino Latino (25-01-2021)

Imagem: MB, Moita, 24.01.2021 




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