Ao amanhecer

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É ao amanhecer que saio para os campos
vou pela alcachofra
carqueja
malva e alecrim
vou pela artemísia
que me entontece o caminho de volta para casa
na cesta acerto as rimas
o azul quimera da genciana e o azul bíblico do jacinto
no meio a rima solta e tranquila da tília e da macela
depois os verdes fortes da oliveira
hortelã
e talvez sabugueiro
as estrelas de anis fecham com chave de ouro e a minha cesta
é agora um soneto
sobre isto tudo
um girassol pode ser a assinatura dum deus desconhecido
e o lilás do hissopo no canto esquerdo é a bênção dos céus.

Teresa Alvarez, in A Encenação do Amor


Imagem: MB, Sarilhos Pequenos, Moita, 28.12.2024



"No meio do inverno, aprendi por fim que havia em mim um verão invencível. " (Albert Camus)

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