Prende o teu coração ao meu

 

De noite, amada, prende o teu coração ao meu
e que no sono eles dissipem as trevas
Como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sono
intercetando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade dum comboio desvairado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, prende-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas dum cisne submerso,
Para que às perguntas estreladas do céu
responda o nosso sono com uma única chave,
Com uma única porta fechada pela sombra.

Pablo Neruda

Imagem: MB, Montes Juntos, Vale Parra, 11.08.2025



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