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Rodeios

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  "Afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte." Guimarães Rosa Imagem: MB, Lisboa, 28.06.2023

Tal como éramos...

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  Ingrata a velhice, aborrecidos os seus símbolos - sem valor literário - demasiado previstos. Apenas resta - todos os dias mais estranha - a surpresa de  um inesperado momento redivivo, como há instantes, ao ver a televisão. Um gasto filme de outro tempo - horrível dobragem, exageradas cores -, a penetrante estupidez dos anúncios. Contudo, ele e ela - anos depois de se terem separado - encontram-se à porta de um hotel, em Nova Iorque, reconhecem-se, dizem uma frase vulgar e separam-se, desta vez para sempre. Repetida a cena, banal a história, mas, talvez, toda a minha vida pode resumir-se nessa imagem. Melancolia dos sonhos perdidos - entre marcas de automóveis e detergentes - no vidro infinito de um televisor nocturno que não consegue              dormir. Juan Luis Panero , tradução Joaquim Manuel Magalhães, ed. Relógio D'Água Imagem: MB, Lisboa, 16.05.2023

Beijo...

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  beijo a tua boca pela alegria que ofereceu à minha António José Forte Imagem: MB, Lisboa, 27.06.2023

Todo o tempo

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  "(...) Tínhamos o nosso espaço e tínhamo-nos  a nós, um ao outro por natural companhia era o amor, tudo indicava. Podia-se morrer disso. E tínhamos todo o tempo para ver." Rui Caeiro, in  O quarto azul e outros poemas,  Ed. Letra Livre Imagem: MB, Moita, 23.06.2023

Rastros de bondade

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  O mundo é amplo, os caminhos, a seguir, são tantos e neles, cada um caminha como bem lhe aprouver. Essa  me parece a beleza de tudo: o buscar na estrada da vida, com liberdade, criatividade e ética, a realização de algo que nos permita percebermos que não estamos aqui ao acaso. Que cá estamos para deixarmos, ao menos, mínimos rastros de bondade, que sejam lembrados como exemplo por pelo menos uma geração dos que vierem depois de nós. Cika Parolin Imagem: MB, Azeitão, 10.06.2023

O que resta

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  "Talvez o que reste seja a ternura - ou a gentileza. John Berger, um grande escritor, definia gentileza como aquilo que nos faz tratar bem as pessoas porque sabemos que um dia elas vão morrer. A gentileza é a delicadeza de um mortal em relação a outro; o puxar modesto da cadeira para o avô se sentar sem esforço; o pequeno toque na boca do amigo que, sem perceber, tinha manteiga no canto dos lábios - e que com esse toque subtil desaparece. Serão estas delicadezas, quase insignificantes - de alguém que trata o outro como mortal, objecto de cuidado e protecção -, que restarão. O que resta, então, ao humano? Em síntese: o corpo, a gentileza, a possibilidade de dançar até sem música, etc. Infelizmente, dirão uns; felizmente, dirão outros: só o corpo, os seus sensores e a sua potência para a gentileza são verdadeiramente humanos; a inteligência já não. Que o humano consiga ser então, pelo menos, o mais gentil da Criação." Gonçalo M. Tavares , in  A Máquina 'sapiens', o &#

Tenho tanto sentimento

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  Tenho tanto sentimento Que é frequente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que  tudo isso é pensamento, Que não senti afinal. Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida E outra vida que é pensada, E a única vida que temos É essa que é dividida Entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira E qual errada, ninguém Nos saberá explicar; E vivemos de maneira Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar. Fernando Pessoa , in  Cancioneiro Imagem: MB, Lisboa, 18.05.2023